10/01/2017

Dreaming my life away

Antes de mais sei que muitos não vão entender o que vou explicar. Não precisam, nem ler. Ontem descobri algo e preciso escrever, deitar cá para fora. O post é longo, peço desculpa. Não precisam de ler.
Não sei muito bem como começar este post. Talvez pelo início e de maneira cronológica seja boa ideia. Então aqui vai...

Desde sempre que me lembro ir para a cama e demorar 2-3 horas a adormecer. Nesse tempo em que estava acordada sonhava, mas daqueles sonhos em que controlamos o que se passa. Ou seja, não estava a dormir, mas acordada num mundo de sonho. Talvez não faça sentido, mas não sei como explicar melhor. E estar a sonhar, mas acordada, tal como os sonhos que temos durante o dia (em inglês daydreaming). 
Também me lembro de falar com amigos imaginários. Como passava os dias sozinha, os meus amigos imaginários eram a minha companhia. Mas isto é normal das crianças. Quem não tinha amigos imaginários?
A partir dos meus 12-13 anos comecei a sonhar acordada durante o dia. Deixou de ser só á noite e passou a ser durante o dia. Lembro-me de por musica, fechar os olhos e sonhar que era eu a cantar. 
Até aqui nada de extraordinário. Coisas de criança inocente. 

A certa altura comecei a sonhar ao ver televisão. Sentava-me no sofá em frente à TV, mas não prestava atenção nenhuma ao que via porque a minha cabeça estava nos meus sonhos, num mundo paralelo. Neste mundo paralelo eu era perfeita, tinha amigos, era ótima aluna, etc. Aliás, eu era loira de olhos azuis. Na realidade tenho cabelos castanho muito escuro e olhos castanhos. Era um mundo em que nada era impossível, conseguia alcançar todos os meus objetivos, etc, etc
Diria que isto é normal, todos nós temos momentos em que nos refugiamos em outro universo. No entanto, o problema cresceu. Minutos a sonhar, passaram a ser horas, nas aulas só ouvia metade do que era dito, deixei de socializar preferindo ficar em casa no meu mundo. Assim passei a minha adolescência toda  e entrei no mundo adulto. Na universidade mal participei na vida académica apesar de ter entrado numa tuna, ter bebido uns copos valentes, etc. Em todas as ocasiões mantinha um olho no presente e um olho no meu mundo mágico. Lembro-me de estar em palco a atuar com a tuna e quase falhar a minha entrada em cena. 


Comecei a aperceber-me que a vida passava e eu não a vivia. Os meus dias eram feitos de solidão, fechada num quarto a sonhar. E assim tem sido. 
Apesar de no meu mundo de sonho ter algo de aconchegante e seguro, não deixa de estar longe da realidade. Os anos passam e eu não tenho nada feito, nada onde deixe a minha marca. E é quando a realidade bate em mim que entro em pânico. E sempre que isso acontece penso que tenho algo de muito errado, que sou anormal. Entro em desespero. 
E é nesses momentos de desespero que começo a pesquisar. O que será isto? Porque sou assim tão apática? O que normalmente encontro são sites a explicar que sonhar acordada é bom, que torna as pessoas mais criativas, etc. Mas quando esses sonhos, esse mundo imaginário nos impede de viver? O que fazer quando esse mundo deixa de ser reconfortante e passa a ser um vício sobre o qual perdemos total controlo? 

Finalmente ontem encontrei alguma luz ao fundo do túnel.  Agora posso dar um nome a este distúrbio: maladaptive daydreaming. O mais importante não foi só poder dar um nome, mas descobrir que há muita gente com o mesmo problema. 

Para quem leu até ao fim e quer saber mais, aqui ficam alguns link:
quora

Peso de hoje: 67.5 kg

1 comentário:

  1. Não sei como posso ajudar, talvez você até encontre ajuda melhor nesses fóruns. Entendo que deve ser difícil meditar(ou só pensar) sobre a sua realidade quando ela é tão desagradável. Isso todas nós temos em comum XD. Mas se não encararmos isso, nunca vamos descobrir como melhorar.
    Eu quebrei muitas idealizações minhas, de pessoas, de lugares, de profissões. Tudo tem seus defeitos. Passei a admirar pessoas parecidas comigo que conquistaram um lugar melhor que o meu. Passei a estudá-las nos detalhes mais íntimos que pudesse encontrar, para tentar montar a pessoa real, e encontrei várias merdas no caminho, humanos sempre serão meros humanos, nada acima disso. Hoje em dia, de tudo tento tirar o que me serve e jogar fora o que não me serve, na minha jornada.
    Não sei se você tem ídolos, ou mesmo personagens(livros, filmes, ou mesmo da sua imaginação) que goste, tire uma lição deles e quebre o pedestal.
    Não perca tempo lamentando o passado, ele ajuda a explicar quem somos hoje mas não determina quem seremos amanhã, você tem livre arbítrio, escolhas, e pode evoluir :*

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